Sunday, February 27, 2005

The Seed Of Hate

Da incandescente luz
Que escorre das árvores de ferro,
Que dá prazer aos mortos
E faz os vivos pecarem,
Vem a semente que traz o horror,
Semeada no fogo,
Que bebe o sangue do amor
E viola o ventre a rebentar...
Das dores estridentes e roucas,
Dos escombros da razão
E do pensamento errante,
Nasce o mal,
Nasce o assassino sem olhos,
Que arranca o coração
E mata sem piedade
As ruínas e melodias
Dos sentimentos perdidos
Há muito tempo idos
Do inconsciente da pérola,
Vermelha e cintilante,
Que de tão rara
Já pede muito,
Sem que muito tenha eu para dar...
Apenas a minha vida...

by Ivo Silva

Friday, February 25, 2005

The Comedy Masters

Conan O'Brien

The End

No tridimensional berço do fim dos tempos
Não dorme o amor...
No estalar dos velhos moinhos
E no romper de estrelas e planetas,
Aquando da queda do império de fogo
E da fúria dos vulcões de sangue,
Das tempestades de enxofre
E das radiações cortantes,
Do desejo da carne e do prazer,
Do sexo bruto com as máquinas mortais
Do esqueleto de âmbar,
Nada mais existirá...
O tempo irá parar
Com o repetido lamento
Do tocar de corpos ardentes
No gelo do anoitecer...
Tudo é cinzento,
Tudo é penumbra e dor,
Não há Morte,
Mas tudo é Morte...
Sinto o fim na minha espinha,
Consome-me sem piedade
E range de prazer...
Pequei,
Mas também amei,
E o amor não dorme aqui...
Fui absorvido por completo,
Estou pálido,
Sou já uma silhueta de areia
Fluminada em água do sol,
Perco a esperança,
E tudo morre à minha volta,
Só eu teimo em resistir
...Porque será?...
Já com meu corpo disforme
E minha mente triturada,
Vi o amor beijar minha alma,
E minha alma na tua...
Entreguei-me então,
Pois senti teu calor
...Morri...
Meu corpo estalou nos pregos de luz,
Mas minha alma ficou contigo
Para todo o sempre...
Sou teu por fim...
Não fujas...
Entrega-te e ficaremos unidos
...A Morte venceu...

by Ivo Silva

Tuesday, February 22, 2005

The Name

Sunday, February 20, 2005

The Show

Guitarra que arde
Que lamenta e que chora,
Toco em suas cordas
Que cortam meus dedos,
Sua música rasga meus ouvidos
E fico surdo de prazer...
O sangue cega-me...
Ainda consigo ouvir,
Incha-me o cérebro,
O público morre,
Esqueletos que dançam
São atraídos por este som,
A guitarra fica negra
E perdida no tempo,
Espeta o braço no coração
De quem não ouve sua canção,
E atrai sobre si
O infernal perdão
De loucura que trinca
Meu corpo até saciar,
O infinito desejo de te amar...
Tu que me vês tocar,
Em desmedido desespero,
Vens a correr me abraçar
E o estridente som,
Das cordas a estourar,
Faz o meu coração
Só pensar em se entregar...
E eis que termina a música
E a guitarra de galopar,
Já desfigurada
De tanto tocar,
Ouve agora o nosso amor
Que faz o público voar,
E nossos corações aconchegar...
Termina o espectáculo,
A sala fica fazia,
Vazia de terror,
De morte e de dor,
Mas cheia de nós...
Cheia de amor...
Abraçados no palco da vida,
Entregues a este sentimento,
Sorrimos para a cortina,
Que nunca se irá fechar,
Pois nosso infinito amor
Para sempre irá durar...

by Ivo Silva

Saturday, February 19, 2005

Universal Pain

Astros divagantes de mel,
Por entre as brumas incógnitas
Do calor pálido do fim de tarde,
Que fica...
E a eterna voluptuosidade
Do azul do mar que é céu,
E da vida oxigenada por metamorfoses
Vaidosas e subitamente intragáveis...
Pelo entalado prisma temporal...
E chove veneno a tremer...
Da luz mística e anulada
Pelo nevoeiro de cadáveres a dançar,
E do peso do anzol viscoso...
O nojo e a repugnância do ser
Reflectido no lago da alma
Que faz espetar agulhas nos olhos
E queimar as orelhas de pedra...
E dói?...
Não... dor é aquela do passado
Que ainda dói hoje,
E que eu sei,
Que amanha irá doer...
Dor é aquilo que não tenho...
Amor é aquilo que não temo...

by Ivo Silva

The Intro

Estava triste, pálido, amargurado...
Não havia luz ao fundo daquele sitio,
Por onde os meios de transporte furam montanhas,
E o desespero toma conta de mim....
Mas eis que senão quando,
Urge o pensamento de criação...
Um local onde todos poderão ouvir,
O que eu tenho eu a dizer...
Sem interrupções...
Mas tudo rapidamente se desmoronou...
Toda a alegria tão viva em mim se foi,
No preciso momento em que lucidez se fez,
E descobri...
Que ouvido não poderia ser...
Apenas lido...
Mas quem lê hoje em dia?...
Os rejeitados pela sociedade?
Os latejantes devoradores de livros de instruções...
E os outros...
E os outros...

by Ivo Silva